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Suriname, de Albina a Paramaribo - Blog da Ana - 1000 dias

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Suriname, de Albina a Paramaribo

Suriname, Paramaribo, Albina

Barco Gabrielle, que faz a travessia entre a Guiana Francesa e o Suriname

Barco Gabrielle, que faz a travessia entre a Guiana Francesa e o Suriname


Dia de cruzarmos a nossa segunda fronteira, fronteira com o Suriname. Estávamos tranquilos, apenas quisemos chegar cedo para garantir lugar na balsa. O Rodrigo nestes dias ainda fica preocupado, então acorda cedo e não consegue sossegar enquanto eu não estiver pronta. A balsa partia as 8 da manhã, saímos uma hora mais cedo e aproveitamos para dar uma voltinha no mercado central de St Laurent. A primeira coisa que me chamou a atenção foi a neblina que cobria a cidade logo cedo. Eu sempre associei este evento a lugares frios e/ou montanhosos, mas aqui ela é a própria nuvem de umidade pairando no ar. Agora entendi que a neblina nas florestas do Indiana Jones não está lá só para dar um clima de mistério.

Neblina toma conta de Saint Laurent, na Guiana Francesa

Neblina toma conta de Saint Laurent, na Guiana Francesa


Envolvidos por este clima e uma garoa fina daquelas bem chatinhas, fomos explorar a feira matinal. Frutas e legumes de todos os tipos, algumas que eu nunca havia ouvido falar, tipos de lixia, cereja, etc, mas o mais legal é ficarmos com ouvidos bem atentos, tentando entender os idiomas falados ali. Chinês com certeza, creole e o sranan tongo do vizinho Suriname?

Valorizando os produtos da terra! (em Saint Laurent, na Guiana Francesa)

Valorizando os produtos da terra! (em Saint Laurent, na Guiana Francesa)


Provavelmente. Alguns também deviam falar o idioma laosiano (não me pergunte o nome), já que são reconhecidamente bons produtores de frutas e hortaliças por aqui. Novamente nos vemos em meio a um caldeirão cultural riquíssimo e totalmente exótico. Eu parava para tirar fotos, pedia licença em francês e o cara respondia como deveria, eu é que não entendia nada. Como será que eles se entendem?

Manhã de feira em Saint Laurent, na Guiana Francesa

Manhã de feira em Saint Laurent, na Guiana Francesa


Próxima parada, porto de St Laurent du Maroni. Uma fila de uns 5 carros já estava a nossa frente e tomara que a Fiona caiba na balsa! Ali fica a PAF, Polícia de Fronteira Francesa. Apresentamos os documentos, conferiram umas três vezes, inclusive o meu visto para o Suriname, embora não fosse problema deles. A policial-chefe nos pediu os documentos do carro, incluindo o seguro, e tudo o que não tivemos de problemas na entrada ela quis criar na saída. Informou-nos que é obrigatória a “Cart Vèrt”, nossa conhecida carta verde para países do Mercosul, tem alguma irmã gêmea aqui em terras européias. Mostramos nosso seguro internacional, mas a porcaria da Mafre não conseguiu nos emitir uma carta ou documento oficial ainda em inglês e espanhol, então como eles não entendem simplesmente o ignoram. Ela só nos liberou após falar com o seu superior ao telefone e porque estávamos saindo do país, mas nos advertiu que teríamos problemas para entrar no Suriname.

Subimos na balsa que nos esperou um pouco até resolvermos a situação. Até encontramos um brasileiro trabalhando embarcação. Peraí, um brasileiro? Dizem que aqui em Albina não gostam de brasileiros... Ah, ele é guianês, mas fala muito bem o português! São tantos brasileiros em Cayenne que acabou aprendendo. Já viajou muito pelo mundo, era super bem relacionado por ali, tive que perguntar: “quantas línguas você já aprendeu?” “Umas 5 ou 6 línguas, vou vivendo e aprendendo, todas as que precisamos para viver.” Já conseguimos perceber que é assim é a vida aqui na fronteira, francês, creole, holandês, sranan tongo, inglês, português, afinal como diria o sábio Chacrinha, quem não se comunica se trumbica!

Manhã de feira em Saint Laurent, na Guiana Francesa

Manhã de feira em Saint Laurent, na Guiana Francesa


Na entrada no Suriname não deu outra. O cara não entendeu nada e não quis facilitar, com todo o direito, afinal está só cumprindo as ordens. Mostramos a ele todos os documentos, explicamos que o seguro ainda não havia nos mandado a carta, etc, etc, mas sem entender o português o cara ficava vendido. Ele e o policial da fronteira ainda foram bacanas conosco, emprestaram seus celulares para ligarmos e acessarmos a internet para tentarmos conseguir logo o documento, que atrasou devido o carnaval. A alternativa seria comprarmos um seguro aqui mesmo, mas hoje é sábado, tudo estava fechado. Teríamos que esperar um final de semana em Albina, cidade que ficou conhecida pelo incidente em que várias brasileiras foram estupradas e alguns garimpeiros brasileiros foram mortos, imaginem o nível! Voltar para a Guiana Francesa também não rolava, pois aí nem o Rodrigo (com visto vencido) e nem o carro não poderia entrar! SURREAL! Sem mais o que fazer ficamos esperando o retorno da Mafre no atendimento de emergências ao exterior. Foi quando caiu do céu um anjo, o Seu “Chefe da Polícia de Fronteira e Aduaneira” do Suriname, além de ter o poder de decisão, ele entendia o português e havia acordado de bom humor hoje! Apenas leu nossos documentos e liberou a passagem! SENSACIONAL! Vai ter sorte assim lá em Albina!

Chegando à Albina, no Suriname

Chegando à Albina, no Suriname


A estrada de Albina para Paramaribo é vagabunda de ruim, um asfalto totalmente esburacado e com muita chuva durante o percurso. Fomos parados pela polícia rodoviária, uns negões azuis com cara de bravos. Perguntaram-nos se carregávamos “something ilegal”, é claro que não! “Como posso ter certeza?” Já estamos viajando desde o Brasil, passamos pela Guiana e não tivemos problema algum até agora, acho um bom indício que falamos a verdade. “Ok, I´ll honor your words.” Algumas horas depois estávamos cruzando a imensa ponte sobre o Rio Suriname e adentrando à caótica Paramaribo. Carros indo e vindo de todos os lados, detalhe: aqui a mão é inglesa! Cruzamos o centro da cidade em direção ao hotel que havíamos escolhido. Primo pobre de um dos hotéis mais conhecidos da cidade, o Torarica, o Eco-Resort Inn é da mesma rede e nos foi indicado pelo Joel, gerente do hotel que ficamos em Cayenne. Provavelmente aqui conseguiremos estacionar a Fiona para a nossa etapa caribenha da viagem.

A grande ponte que cruza o rio Suriname, em Paramaribo, no Suriname

A grande ponte que cruza o rio Suriname, em Paramaribo, no Suriname


Dry season no Suriname e não poderia estar mais molhado! Choveu o dia todo, acabamos passando o resto da tarde no hotel e à noite fomos jantar em um barzinho mais agitado aqui nas redondezas. Difícil foi entender o cardápio, todo em holandês, mas depois do dia de hoje essa era a menor das dificuldades!

Suriname, Paramaribo, Albina, Saint Laurent du Maroni, Albina

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Comentários (1)

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  • 17/03/2011 | 08:37 por Tatiana de Queiroz

    Oi, Ana. Que susto esse em Albina. E que sorte o policial ter acordado de bom humor. Boa sorte pra vcs e bjs.

    Resposta:
    Susto mesmo, eu não queria dormir lá nem a pau! rsrs! Ainda bem que deu td certo, com paciência sempre dá-se um jeito. Obrigada pela torcida! Beijos

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